Neste post vamos falar sobre os principais impactos da pandemia no relacionamento conjugal dos casais, confira!
Sexo faz bem e é uma dimensão importante da nossa existência
Em tempos de pandemia, não há como não sentir um impacto em nossa sexualidade, seja pelo distanciamento ou pela proximidade intensa. E quando eu digo sexualidade não quero dizer apenas a relação sexual, mas a sua autoestima como um dos pilares da sua força vital.
O confinamento social já pode estar mais afrouxado, mas ele muito impactou em nossos relacionamentos conjugais: a venda de sex toys (vibradores ou massageadores íntimos femininos – click para saber mais sobre o bullet) aumentou em 50% comparada aos mesmos meses de 2019. A masturbação foi recomendada por especialistas de diversos países da área da saúde e as visitas aos sites de pornografia cresceram significativamente, no Brasil e no mundo.
Surgiram as “surubas on-line”, os encontros clandestinos, os sites de traição, o speed dating virtual (encontro rápido na versão on-line) e a insegurança geral com os crushs. Mas há de se convir que nem todos os seres humanos isolados e com o poder de interação na palma da mão ou com acesso a um computador conseguiram se adaptar a este novo normal, ou melhor, ao mundo virtual, tão rapidamente. Há quem sinta muita falta do contato da pele com pele e de todas as sensações que o sexo com alguém proporciona.
Ansiedade e a atividade sexual
A ansiedade já era um dos transtornos psíquicos mais comuns do século XXI e, com a COVID-19, mais do que nunca, percebemos como ela se acentuou.
Algumas pessoas passaram a canalizar essa ansiedade na atividade sexual: queriam chegar ao orgasmo para aliviar a tensão. Outros focaram na atividade física para acalmar os ânimos.
Nunca se falou tanto, em sites e nas redes sociais, sobre masturbação, ou melhor, autoestimulação, ainda mais a feminina, que é um dos maiores tabus da sexualidade da mulher. O orgasmo, o autoconhecimento e o autocuidado também foram assuntos muito destacados na mídia, em geral.
A verdade é que o comportamento sexual durante a pandemia mudou, e na pós-pandemia também mudará. O sentimento de que “a vida está por um fio”, para algumas pessoas, foi o gatilho mental para explorar atividades sexuais que estavam guardadas na caixinha – “um dia eu faço!” – e que foram colocadas em prática.
A rotina e a falta de libido para as mulheres
Casais, que não têm filhos pequenos, conseguiram explorar a atividade sexual durante o isolamento, de forma positiva. Entretanto, a maior queixa que eu pude notar foi sobre a falta de libido em muitas mulheres, que está ligada diretamente à falta de divisão de tarefas dentro dos lares brasileiros (click para saber mais sobre a libido).
O status “papai e mamãe” precisa ser desconstruído. Historicamente, a administração da casa foi entendida como algo essencialmente feminino, que as mulheres fazem quase que por instinto. É preciso mudar a forma de gestão da maioria dos lares dos brasileiros, pois a falta de divisão de tarefas abalou significativamente o desejo sexual das mulheres e até o desenrolar do relacionamento como um todo.
Precisamos entender, de uma vez por todas, que educação sexual não é ensinar ninguém a fazer sexo; precisamos refletir sobre as seguintes questões: Como dividimos as tarefas e os cuidados? Quem está sobrecarregado consegue estar aberto ao sexo? Como fazemos crianças e adolescentes entenderem que não podem ocupar todos os espaços? Por que enfiamos as crianças na nossa cama por um longo período de tempo?
Assim, permitam-se realizar essa reflexão. A vida tem dessas coisas. Não sou adepta das grandes tragédias para que possamos aprender. Creio que é possível, sim, crescer e aprender pelo amor, pela empatia e reflexão. E, como boa geminiana, prática que sou: espero que esta pandemia nos sirva para revermos o nosso projeto de vida sexual e amorosa.
Texto escrito para a coluna “Falando de Sexo” da revista Let’s Go Bahia por Cris Arcuri